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Frases Eternas

Filósofos & Poetas

domingo, 25 de novembro de 2007

V
Da necessidade da revelação
O maior beneficio que devemos ao Novo Testamento, consiste em nos ter revelado a imortalidade da alma. Inútil foi que o bispo Warburton tratara de obscurecer tão importante verdade, dizendo continuamente que «os antigos judeus desconheciam esse dogma necessário, e que os saduceus não o admitiam na época de Jesus». Interpreta a seu modo as palavras que dizem que Cristo pronunciou: «Ignorais que Deus disse: eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isac e o Deus de Jacó? Logo Deus não é o Deus dos mortos, e o Deus dos vivos». Atribui à parábola do mau rico o sentido contrário ao que atribuem todas as igrejas. Sherlock, bispo de Londres, e outros muitos sábios o refutam; os mesmos filósofos ingleses acham escandaloso que um bispo anglicano tenha a opinião contrária da Igreja anglicana; e Warburten, ao se ver contrariado, chama ímpios a ditos filósofos, imitando a Arlequim, personagem da comedia titulada o Ladrão da Casa, que depois de roubar e arrojar os móveis pela janela, vendo que na rua um homem levava alguns, gritou com toda a força de seus pulmões: – Pega ladrão!
Vale mais bendizer a revelação da imortalidade da alma e as das penas e recompensas depois da morte, que a soberba filosofia de homens que semeiam a
dúvida. o grande César não acreditava; disse em pleno Senado, quando para
impedir que matassem a Catilina, expôs seu critério, segundo o que a morte não
deixava no homem nenhum sentimento, e tudo morria com ele. Ninguém refutou
esta opinião.
O império romano estava dividido em duas grandes seitas: a de Epicuro, que sustinha que a divindade era inútil no mundo, e que a alma perecia com o corpo; e a dos estóicos, que sustentava ser a alma era uma porção da divindade, a qual depois da morte do corpo voltava a sua origem, isto é, ao grande todo de onde havia emanado. Umas seitas acreditavam que a alma era mortal e outras que era imortal, porém todas elas estavam conformes em fugir das penas e as buscar recompensas futuras.
Restam todavia bastantes provas de que os romanos tiveram tal crença; e esta opinião, profundamente gravada nos corações dos heróis e dos cidadãos romanos, os induzia a matar-se sem o menor escrúpulo, sem esperar que o tirano os entregasse ao verdugo.
Os homens mais virtuosos de então, que estavam convencidos da existência de um Deus, não esperavam na outra vida nenhuma recompensa, nem temiam nenhum castigo. Vemos no artigo titulado Apócrifo, que Clemente, que mais tarde foi Papa e Santo pôs em dúvida que os primitivos cristãos acreditassem na segunda vida, e sobre isto consultou a São Pedro em Cesárea. Não cremos que São Clemente escreveu a história que se lhe atribui; porém essa história prova que o gênero humano necessitava guiar-se pela revelação. O que neste assunto nos surpreende é que um dogma tão saudável tenha permitido que cometam brilhantes crimes os homens que vivem tão pouco tempo e que se vem comprimidos entre duas eternidades.

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