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Filósofos & Poetas

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Arte Poética - Aristóteles

CAPÍTULO I
Da poesia e da imitação segundo os
meios, o objeto e o modo de imitaçã


Nosso propósito é abordar a produção poética em si mesma e em seus diversos gêneros, dizer qual a
função de cada um deles, e como se deve construir a fábula visando a conquista do belo poético; qual o
número e natureza de suas (da fábula) diversas partes, e também abordar os demais assuntos relativos a
esta produção. Seguindo a ordem natural, começaremos pelos pontos mais importantes.
2. A epopéia e a poesia trágica, assim como a comédia, a poesia ditirâmbica, a maior parte da aulética e
da citarística, consideradas em geral, todas se enquadram nas artes de imitação.
3. Contudo há entre estes gêneros três diferenças: seus meios não são os mesmos, nem os objetos que
imitam, nem a maneira de os imitar.
4. Assim como alguns fazem imitações em modelo de cores e atitudes —uns com arte, outros levados
pela rotina, outros com a voz –, assim também, nas artes acima indicadas, a imitação é produzida por
meio do ritmo, da linguagem e da harmonia, empregados separadamente ou em conjunto.
5. Apenas a aulética e a citarística utilizam a harmonia e o ritmo, mas também o fazem algumas artes
análogas em seu modo de expressão; por exemplo, o uso da flauta de Pã.
6. A imitação pela dança, sem o concurso da harmonia, tem base no ritmo; com efeito, é por atitudes
rítmicas que o dançarino exprime os caracteres, as paixões, as ações.
7. A epopéia serve-se da palavra simples e nua dos versos, quer mesclando metros diferentes, quer
atendo-se a um só tipo, como tem feito até ao presente.
8. Carecemos de uma denominação comum para classificar em conjunto os mimos de Sófron (1) e de
Xenarco, (2)
Arte Poética - Aristóteles
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9. as imitações em trímetros, em versos elegíacos ou noutras espécies vizinhas de metro.
10. Sem estabelecer relação entre gênero de composição e metro empregado, não é possível chamar os
autores de elegíacos, ou de épicos; para lhes atribuir o nome de poetas, neste caso temos de considerar
não o assunto tratado, mas indistintamente o metro de que se servem.
11. Não se chama de poeta alguém que expôs em verso um assunto de medicina ou de física! Entretanto
nada de comum existe entre Homero e Empédocles,(3) salvo a presença do verso. Mais acertado é
chamar poeta ao primeiro e, ao segundo, fisiólogo.
12. De igual modo, se acontece que um autor, empregando todos os metros, produz uma obra de
imitação, como fez Querémon(4) no Centauro, rapsódia em que entram todos os metros, convém que se
lhe atribua o nome de poeta. É assim que se devem estabelecer as definições nestas matérias.
13. Há gêneros que utilizam todos os meios de expressão acima indicados, isto é, ritmo, canto, metro;
assim procedem os autores de ditirambos(5), de nomos(6), de tragédias, de comédias; a diferença entre
eles consiste no emprego destes meios em conjunto ou em separado.
14. Tais são as diferenças entre as artes que se propõem a imitação.

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