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Filósofos & Poetas

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Das partes da epopéia; méritos de Homero

CAPÍTULO XXIV
Das partes da epopéia; méritos de
Homero
A epopéia deve apresentar ainda as mesmas espécies que a tragédia: deve ser simples ou complexa, ou de
caráter, ou patética.
2. Os elementos essenciais são os mesmo, salvo o canto e a encenação; também são necessários os
reconhecimentos, as peripécias e os acontecimentos patéticos. Deve, além disso, apresentar pensamentos
e beleza da linguagem.
3. Todos estes méritos, o primeiro que os teve disponíveis e os empregou de modo conveniente foi
Homero. Cada um dos dois poemas é composto de tal maneira que a Ilíada é simples e patética, e a
Odisséia oferece uma obra complexa (onde abundam os reconhecimentos), e um estudo dos caracteres.
Além disso, em estilo e pensamento, seu autor supera os demais poetas.
4. Mas a epopéia é diferente da tragédia em sua constituição pelo emprego e dimensões do metro.
5. Quanto à extensão, indicamos o limite exato: é preciso que o seu conjunto possa ser abarcado do
princípio ao fim. Isso aconteceria, se as composições épicas fossem menos longas que as dos antigos e se
estivessem em relação com o total das tragédias representadas numa só audição.
6. A epopéia goza de vantagem peculiar no concernente a sua extensão: enquanto na tragédia não é
possível imitar, no mesmo momento, as diversas partes simultâneas de uma ação, exceto a que está sendo
representada em cena pelos atores; na epopéia, que se apresenta em forma de narrativa, é possível
mostrar em conjunto vários acontecimentos simultâneos, os quais, se estiverem bem relacionados ao
tema central, o tornam mais grandioso.
7. Daí resultam várias vantagens, como engrandecer a obra, permitir aos ouvintes transportarem-se a
diversos lugares, introduzir variedade por meio de episódios diversos; pois a uniformidade não tarda em
gerar a saciedade, causa do fracasso das tragédias.
8. A experiência provou que a medida mais conveniente à epopéia é o metro heróico. Com efeito, se,
para fazer uma imitação em forma narrativa, se empregasse metro diferente, ou variado, saltaria aos
olhos a inconveniência,
9. Visto ser o metro heróico , de todos o que possui maior gravidade e amplidão, sendo por isso o mais
apto a acolher glosas e metáforas, e também neste particular a imitação pela narrativa é superior às
outras.
10. O iambo e o tetrâmetro são metros de movimento, feitos um para a dança e o outro para a ação.
11. O resultado seria de todo extravagante, se se combinassem estes metros, como fez Querémon.
12. Por este motivo, jamais alguém escreveu um poema extenso que não fosse em verso heróico; e como
dissemos, a própria natureza do assunto nos ensina a escolher o metro conveniente.

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