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Filósofos & Poetas

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Das formas dos nomes; das figuras

CAPÍTULO XXI
Das formas dos nomes; das figuras
Eis as espécies de nomes: primeiramente o nome simples. Chamo simples o nome que não é composto de
elementos significativos, por exemplo "terra";
2. nome duplo, é o composto ora de um elemento significativo e de outro vazio de sentido, ora de
elementos todos significativos.
3. O nome pode ser formado de três, de quatro, e até mesmo de vários outros nomes, como muitos usados
entre os marselheses, por exemplo ermocaicoxanqoz.
4. Todo nome é termo próprio ou termo dialetal, ou uma metáfora, ou um vocábulo ornamental, ou a
palavra forjada, alongada, abreviada, modificada.
5. Entendo por termo próprio aquele de que cada um de nós se serve;
6. Por termo dialetal (ou glosa) aqueles de que se servem as pessoas de outra região, de sorte que o
mesmo nome pode ser, manifestamente, próprio ou dialetal, mas não para as mesmas pessoas; assim
sxgunon (lança) é termo próprio para os cipriotas e dialetal para nós.
7. A metáfora é a transposição do nome de uma coisa para outra, transposição do gênero para a espécie,
ou da espécie para o gênero, ou de uma espécie para outra, por analogia.
8. Quando digo do gênero para a espécie, é, por exemplo, "minha nau aqui se deteve", pois lançar ferro é
uma maneira de "deter-se";
9. Da espécie ao gênero: "certamente Ulisses levou a feito milhares e milhares de belas ações", porque
"milhares e milhares" está por "muitas", e a expressão é aqui empregada em lugar de "muitas";
10. Da espécie para a espécie: "tendo-lhe esgotado a vida com o bronze" e "de cinco fontes cortando com
o duro bronze"; aqui, "esgotar" equivale a "cortar" e "cortar" equivale a "esgotar"; são duas maneiras de
tirar.
11. Digo haver analogia quando o segundo termo está para o primeiro, na proporção em que o quarto está
para o terceiro, pois, neste caso, empregar-se-á o quarto em vez do segundo e o segundo em lugar do
quarto.
12. Às vezes também se acrescenta o termo ao qual se refere a palavra substituída pela metáfora. Se
disser que a taça é para Dionísio assim como o escudo é para Ares, chamar-se–á taça o escudo de
Dionísio e ao escudo, a taça de Ares.
13. O que a velhice é para a vida, a tarde é para o dia. Diremos pois que a tarde é a velhice do dia, e a
velhice é a tarde da vida, ou, com Empédocles, o ocaso da vida. Em alguns casos de analogia não existe o
termo correspondente ao primeiro;
14. porém mesmo assim nada impede que se empregue a metáfora. O ato de "lançar a semente à terra"
chama-se "semear"; mas não existe termo próprio para designar o ato de o sol deixar cair sobre nós sua
luz; contudo existe a mesma relação entre este ato e a luz, que entre semear e a semente; pelo que se diz:
"semeando uma luz divina".
15. Há outra maneira de empregar este gênero de metáfora, dando a uma coisa um nome que pertence a
outra e negando uma das propriedades desta, como se, por exemplo, se denominasse o escudo, não a taça
de Ares, mas a taça sem vinho.
16. O nome forjado é o que não foi empregado neste sentido por ninguém, mas que o poeta, por sua
própria autoridade, atribui a uma coisa. Parece haver algumas palavras deste gênero, tais como
"rebentos" para designar "cornos" e arhthra – "o que dirige súplicas" –por sacerdote.
17. (Desapareceu do texto original.)
18. O nome é alongado ou abreviado; no primeiro caso, pelo emprego de uma vogal mais longa que a
habitual ou pela adjunção de uma sílaba; no segundo caso, se nele se faz uma supressão.
19. Alongado é, por exemplo, polhox em vez de polevx, e phlhiadev em vez de phleidou; são abreviados
cri (por crioh = "cevada'), dv (por dwma="casa") e dy (por dyiz="vista") em "uma só imagem provém dos
dois olhos".
20. Há modificação do nome se, no termo usado, conserva-se uma parte e muda-se a outra, como em
dexiteron cata mczon (contra o mamilo direito) em vez de dexion.
21. Em si mesmos, os nomes são uns masculinos, outros femininos, outros neutros;
22. São masculinos os que terminam em N, R, S ou em letras compostas de S (que são as consoantes
duplas Y e X);
23. São femininos os que terminam em vogal sempre longa, como H e W ou em A alongado;
24. daí resulta o mesmo número de finais para os masculinos e os femininos, pois Y e X são as mesmas
que S.
25. Nenhum nome termina em muda ou em vogal breve.
26. Em I terminam apenas três nomes: meli (mel), commi (goma), peperi (pimenta); em G terminam
cinco: pvu (rebanho), napu (mostarda), gonu (joelho), doru (lança), aotu (cidade). Os neutros terminam
por estas mesmas letras e por N e S.

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