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Filósofos & Poetas

domingo, 25 de novembro de 2007

IX
Da antigüidade do dogma da imortalidade da alma
O dogma da imortalidade da alma é a idéia mais consoladora e ao mesmo tempo
mais repressora que o espírito humano pode conceber. Esta agradável filosofia foi
tão antiga no Egito como suas pirâmides; e antes dos egípcios, a conheceram os
persas. Zoroastro, que cita o Sadder, quando Deus ensina a Zoroastro o local
destinado para receber o castigo, local que se chamava Dardarot no Egito, Hades
e Tártaro em Grécia, e nós temos traduzido imperfeitamente em nossas línguas
modernas pela palavra inferno. Deus ensina a Zoroastro no local destinado aos
castigos, a todos os maus reis, a um dos quais faltava um pé, e Zoroastro
perguntou por que razão. Deus respondeu que esse rei só havia feito uma boa
ação em toda sua vida, e esta ação consistia em haver aproximado com o pé uma
gamela que não estava bastante próxima a um pobre burrico que morria de fome.
Deus levou ao céu o pé do rei malvado, e deixou no inferno o resto de seu corpo. Dita fábula, que nunca se repetirá bastante, demonstra como era na remota antigüidade a opinião sobre a segunda vida. Os índios também teriam esta opinião, e sua metempsicoses o prova. Os chineses reverenciavam as almas de seus antepassados; e esses povos fundaram poderosos impérios muito tempo antes que os egípcios.
Ainda que seja antigo o império de Egito, não é tanto como os impérios do Ásia; e naquele e nestes, a alma subsistia depois da morte do corpo. Verdade é que todos esses povos, sem exceção, supunham que a alma teria forma etérea, sutil, e era imagem do corpo. A palavra sopro a inventaram muito depois os gregos. Porém não se pode negar que acreditaram que era imortal uma parte de nós mesmos. Os castigos e as recompensas na outra vida, formaram os cimentos da antiga teologia.
Ferecides foi o primeiro grego que acreditou que as almas viviam uma eternidade, porém não foi o primeiro que disse que as almas sobreviviam aos corpos. Ulisses, que viveu muito tempo antes que Ferecides, havia visto as almas dos heróis nos Infernos; porém que as almas fossem tão antigas como o mundo, foi uma opinião que nasceu no Oriente e que Ferecides difundiu no Ocidente. Não creio que exista um só sistema moderno que não se encontre nos povos antigos. Os edifícios atuais temos construído com os escombros da antigüidade.

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