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Frases Eternas

Filósofos & Poetas

sexta-feira, 21 de março de 2008

Cesta, flores, sol, e domingo.


Em meu peito abrem-se de novo antigas chagas

Quando as noites se fazem mais frias

E as manhãs nebulosas expiram

O bafo aromático dos feitos noturnos


Faces carregadas de cansaço e alívio

De noites mal-dormidas

Por amor ou dor, solidão...


Todos tomam café da manhã

Até ao meio dia

Até onde rasgará esta ferida?


Tudo se enleia num rasgo sem nexo

Para a unificação de uma única cicatriz...


Nossas dores suportadas em silêncio

São cicatrizes de feridas aparentes

Ferida que nunca se fecha fecha-nos;


Dividimos o indivisível

Para tudo tornar invisível

Toma-se cafeína

Cada qual toma seu café

Amargo?

Cospe-se por ai as amarguras.


Prazer nem para o sexo

Faz-se por fazer

Por vício ou obrigação

Consciente da inconsciência

Do contágio da putrefação.


Ai! Ais que se curam...

Curvo-me diante da insensatez

Como seria a vida feita só de razão

Razão por razão é aritmética;

Sou mais os insetos minúsculos

Que tecem e produzem

Que fazem mel e veneno

E da voz aos olhos

E tornam a insanidade dos sábios

Na loucura da sabedoria de suave expressão.


Bebamos café!

Hoje se alia à minha solidão que se estende da noite

Fantasmas projetando-se já dantes manifestos

No futuro de hoje e de dias distantes

Como se não bastasse a palavra em si

E essa representatividade enigmática e imprevisível

O vento que sob o sol se agita

O dia _ prenúncio de destruição_ veículo para eterna noite,

Há manchetes assustadoras em todos os jornais e revistas

E evitamos a luz para não sangrar as vistas

Reuniões de emergência para camuflar negligências

Nenhum projeto em pauta

Para se estabelecer paz, nenhum plano...


Seguimos estrelas para a escuridão.


Quantas flores, neste domingo, celebrariam a perfeita união dos amantes

Unen-se, entanto, em coroa e perfume

Para adorno de jazigos de corpos precocemente abatidos

Por nossas mãos_ membros dessa gangue sociedade errante e insensível?


Cada dia é uma página por nós ilustrada

Com imagens de chacinas e miséria, e corrupção.


E a justiça é cega, e cega, e nada se vê.

E os direitos humanos faz-se em prol dos desumanos.

E a religião_ paiol da fé_ constrói templos luxuosos e edifícios

Para a propagação de sacrifícios

Com o suor dos ingênuos fiéis

E o pão?

Qual pão alimentar-nos-á

Se comíamos esperança e esperança já não temos

Se nos alimentávamos de domingo

E o domingo fez-se insípido, triste...

A fé já não é mais fé, é fetiche,


E do verbo vida não se conjuga nenhum tempo

Nada mais é o que existe

Tudo é feito ou efeito.


Abro os olhos e vejo cegueira

De morte

De corpo sem alma

E almas em delírio


Num transe vago um lampejo

E um beijo de morte

Logo o tédio na brisa do repentino desejo


E os olhares dos olhos se repelem

Aflitos a olhares alheios

Não pousam; perdem-se;

No fundo escuro de taças borras

De flores de cachimbo

De domingo de barro

De pó de nozes

De nós

De manhã.


Quanto a mim nada faço

Não tenho mãos para arregaço

Nem título nem índice

Nenhum verso para a história

Nenhum choque n’alguma memória

Nem poesia;

Só suspiro, sou cúmplice,

_parte íntegra dessa hipocrisia... CIDADANIA.


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