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Filósofos & Poetas

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Estrabismo




O espelho se arrepia.
Não sou eu o estranho
No reverso do avesso;
A nudez a que se reverencia.

Não há flores na janela
Por onde a brisa passa, lenta
Fria;
Jeito de ventania;
Nenhuma espera.
Hoje é dia...

O que fica no ar fica
Sem origem, sem precedência...
Quisera fosse primavera
Esse outono
Vesgo,
Tono de utopia;
Paciência.

O sono de folhas
Sonhando ao vento
Tremulam cortinas
Ao oscilar de pensamentos

Sobre a mesa, porém, há frutos,
Frescos;
Ramos de flores a fios de algodão;
Marcas de dentes na maçã.
Vai-se a ave ligeira _visita de toda manhã_
E fica tremulando sob a mesa, camponeses,
_traços d’alguma artesã.

Brincam espíritos infantis
N’alvorada de luzes
Sob orquestrada aurora;

Doirados raios de esplendores insinuantes
Espargindo névoas ao revigorar rebentos
Reascende aromas;
E o borbulhar de vida nos abrolhos da fonte
Acaricia min’alma, aperta-me o peito,
Inunda meus olhos e...
Alimenta-me de fome.

No fundo no fundo,
Bem no fundo, sou eu:
Esse nada complexo no universo perfeito.
... De fuligem e cristal.

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